Dois especialistas chineses falaram sobre esse assunto.
Jun Zheng e Tinjian Cai, académicos da Universidade de Macau nas áreas de Saúde e Sociologia, consideram que a rotina criada durante a atual crise epidémica de lavar as mãos frequentemente não deverá manter-se .
A utilização do álcool Gel deverá seguir o mesmo caminho.
Quanto à utilização de máscaras, Tinjian crê que as pessoas serão mais cuidadosas, mas o seu uso deixará de ser tão frequente como atualmente, até porque causa desconforto, principalmente no calor.
Quando a Organização Mundial de Saúde deu o alerta sobre a doença deixou recomendações, de lavar as mãos várias vezes ao dia.
Quase três meses desde que o COVID-19 passou a fazer parte da vida da população brasileira, o hábito de lavar as mãos várias vezes ao dia se tornou um habito seguido à risca por muitos.
As mensagens espalhadas pela varias cidades contribuem também para que seja uma ação quase automática.
Mas será que realmente veio para ficar?
Ou as pessoas tendem a esquecer as regras quando o nível de alerta baixar?
E é benéfico continuar a utilizar álcool Gel para as mãos no dia-a-dia?
Jun Zheng afirma à TRIBUNA DE MACAU que “seria importante manter o hábito de lavar as mãos com frequência, especialmente quando a epidemia está em andamento”. Porém, ressalva, “pode não ser necessário desinfectar as mãos com álcool quando a epidemia terminar, a menos que a pessoa esteja em zonas de alto risco, com a possibilidade de contaminação, como é o caso dos hospitais”.
Jun Zheng que tem como áreas de interesse o estudo de patogénicos bacterianos e dos mecanismos de morte das bactérias, explica: “A razão para dizer isto é que, além dos micróbios, temos a flora normal na nossa pele, que nos ajuda a impedir a colonização de bactérias mais perigosas, e a utilização do álcool desinfectante pode matá-la”.
Por sua vez, e apesar de realizar alguns estudos sobre comportamentos relacionados com a saúde, Tinjian, professor associado do Departamento de Sociologia da Universidade na China fala do ponto de vista sociológico.
“O comportamento das pessoas, em termos de saúde, é influenciado pelas crenças sobre o risco ou não de contrair uma doença, as percepções sobre os benefícios de fazer algo para a evitar e a rapidez para agir”, referiu.
Partindo deste princípio, Tianji Cai acredita que, se após a crise, “o risco de contrair o vírus for baixo, as pessoas não vão manter os hábitos criados durante a situação epidémica, como lavar as mãos várias vezes ao dia”. O mesmo se aplica à utilização do gel de álcool para as mãos.
Por outro lado, Leung Kai Yin, académico da área da Sociologia, considera que a população irá continuar a seguir esta rotina pensando que é uma forma de se proteger de uma eventual infecção.
Ja psicoterapeuta Stella Cheong diz que há dois tipos de pessoas que poderão manter esse comportamento prolongado no tempo: “Um impulsionado pela consciência, o outro movido pela ansiedade”.
Um impulsionado pela consciência, prossegue Stella Cheong, “considera que é melhor ter em mente os bons hábitos”.
Ja o movido pela ansiedade terá um comportamento repetitivo”, semelhantes aos do transtorno obsessivo-compulsivo, referiu.
“Ficar stressado, com medo e muito ansioso é uma forma de a pessoa se manter alerta, dando uma sensação errada de que está no controle, porém, mais tarde, criará outro problema”, observou a também presidente da Associação dos Psicoterapeutas Certificados de Macau. Já pessoas de “baixa consciência” verão o hábito que agora estão a fazer “acabar”.
Sobre às máscaras, Tianji Cai acredita que as pessoas serão mais “cautelosas”, isto é, que vão passar a “comprar regularmente ou utilizar enquanto estão rodeadas de muita gente”. No entanto, "não as vão utilizar tão frequentemente quanto o fazem agora”, ate porque não é muito confortável usar [máscara] quando o tempo estiver muito quente, concluiu.